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Uma voz. Existe sim uma voz que se desmancha por todos os sentidos nesta noite bizarra de luzes. Como em muitas outras situações anteriores rasga assim um pedaço da garganta de alguém que insiste. Que zomba das tardes de silêncio. Essa voz imensa que pára diante do semáforo indeciso. E arde na rua com a imprecisão de um raspão no rosto. Como um corte no ligamento do antebraço. Fina faca de desossar. De barulhos. De verdades que rasgam os tecidos das burcas. De idéias geniais. A voz que se põe diante do jogo. De damas. E o sussurro diante do absurdo. Inerte absurdo. E ecoa um pouco além daqui. Ainda que para ninguém ou para o semáforo surdo. Insiste ainda. Qual voz que reste.
(2006 - incluída no projeto do CD com Bruno Morais)
2 comentários:
Olá karen, puxei para meu blog o texto Caleidoscópio, com link e crédito. abraço (http://ciadeorquestracaocenica.zip.net/)
Aprendi muito
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