Na década de 80, eu lia muitos poemas de Nicolas Behr e outros poetas considerados "marginais". Entre seus livros está "Chá com porrada".
Neste mês de março recebi o livro " O Bagaço da Laranja" , via correio diretamente do poeta brasiliense.
A aproximação se deu virtualmente através das redes sociais da internet.
Os bagaços estão sendo devorados e publico aqui um pouco do trabalho de Behr.
plantei um pé-de-tempo
no canteiro das horas
e fiquei esperando os
brócolis da eternidade
nasceram relógios de alface
ponteiros de couve
segundos de tomate
tic-tac de pontuais cupins
formigas cortaram folhas-de-minutos
onde o futuro inseto é pupa,
horário de borboleta
junto ao pé-de-tempo brotaram
calendários de flores
e relógios de sol
para despertar onze horas,
sem a pressa dos adubos químicos
agendas para passarinhos
compromissos de poesia
Pós-marginal tardio II
adeus poesias perecíveis
adeus versos recicláveis
nunca mais poemas descartáveis
nunca mais poemas retornáveis
adeus livros biodegradáveis
adeus entulho literário não selecionável
adeus aterro acadêmico sanitário
E por falar em Brasília. Um poema pra relembrar Renato Russo que faria 50 anos em 2010.
Por Enquanto
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre,
sempre acaba!
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa
Um comentário:
Karen, legal a poesia do Nicolas Behr. Trampando em Brasília (anos 90), descobri a chácara dele. Visitei-o e saí de lá com um caderno de brochura cheios de poemas que ele me deu de presente. Vou reler nas minhas próximas horas vagas.
bj
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