segunda-feira, 10 de maio de 2010

Palavras e Cores


Cores e palavras são elementos de exposição de Eliane Prolik


A artista curitibana Eliane Prolik abre na próxima quinta feira (13/05), a partir das 19h, uma exposição individual na Casa de Cultura UEL_Artes Plásticas , em que irá mostrar as séries  “DEFÓRMICA” e “PRA QUE”. São obras com as quais a artista vem trabalhando há dois anos e que fazem parte de seu livro a ser lançado em 2010. A programação da noite inclui um bate papo sobre a obra do pintor paranaense Miguel Bakun. Eliane Prolik foi organizadora do livro Miguel Bakun: A natureza do destino” e assina a curadoria da exposição de Miguel Bakun, em parceria com Ronaldo Brito - em cartaz no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, até 15 de agosto deste ano.
Cores - A cor e a geometria no espaço são as discussões que o trabalho “Defórmica” traz à tona. Cada obra é construída por um conjunto de elementos ou réguas de vários comprimentos e cores. “Os elementos - cor, geometria e luz - são ativos no espaço e imprimem uma contínua transformação à percepção do fato visual“, explica Eliane.
Os cinco trabalhos inéditos da série que estarão expostos em Londrina são produzidos em fórmica a partir do corte preciso do material para constituir diversas possibilidades de relações e formas.
“Rápida e certeiramente, Defórmica vai direto ao ponto, o que, no caso, significa evoluir sempre em zigue-zague”, enfatiza o crítico Ronaldo Brito em texto sobre a exposição, “Defórmica anuncia a feliz possibilidade de ordens instáveis e transitórias, por isso mesmo, atraentes. Colada ao plano do mundo, em franca empatia com a matéria mais comum do mundo, ela convoca um olhar qualificado e exigente, que se renova pelo exercício constante de perceber e discriminar diferenciações formais básicas, a incluir sem distinção, com a mesma intensidade, geometria e luz.”
Palavras - Em PRA QUE, a artista utiliza palavras gravadas em placas de veículos e estabelece, assim, uma relação entre a linguagem textual e a linguagem da escultura. Na primeira instalação, produzida especialmente para a mostra em Londrina, curtas frases associam diversas questões do cotidiano da cidade.
                  A segunda instalação ocupará a vitrine superior da fachada da Casa de Cultura localizada na Avenida JK, podendo ser vista da rua. Esta série é constituída de mais de uma centena de placas com palavras prensadas em relevo branco abrindo a possibilidade de leituras múltiplas ativadas pelo espectador frente à obra. Nas duas instalações são utilizados substantivos e advérbios com algumas preposições e conjunções. Segundo define a própria artista, são “palavras em trânsito e movimento”.
                 “Se os substantivos definem e nomeiam, os advérbios ligam um a outro, atribuindo fluidez ou aspecto móvel à leitura. Pode-se pensar em subdivisões das palavras por assunto: as que remetem ao trânsito da cidade, mais diretamente, com um caráter objetivo ou externo, as que se direcionam ao sujeito, criando o campo de subjetivação e de sentidos e as que tratam da troca e da relação, ou seja, da intersubjetividade. O trabalho expõe as tensões entre público e privado, entre a cidade e o seu trânsito, entre externo e interno, objetivo e subjetivo, fixidez e mobilidade, palavra e objeto.”, ressalta a critica Joana Corona referindo-se `a obra.
A placa de automóveis, objeto utilizado na série PRA QUE, é deslocada de sua significação mais comum relacionada ao espaço urbano, à organização da identificação dos carros e ao fluxo do trânsito na cidade. No contexto do trabalho de Eliane Prolik ganha outras significações e estabelece novos códigos.
A criação destas novas significações e destes novos códigos vão ser produzidas através das palavras gravadas aliadas à quantidade e forma de disposição das placas e da interferência na arquitetura do espaço.
“No lugar do código referido, a artista insere outro “código” poético, de linguagem textual que permite um campo extenso e quase ilimitado de leitura. Cada placa, inteiramente branca, com uma palavra em relevo, tem existência em si, enquanto objeto escultórico e enquanto signo visual e textual. As palavras possuem a condensação imagética e de sentido própria da poesia, e juntas formam um conjunto de relações possíveis que potencializam uma à outra. Mas a palavra mantém, ainda, certa autonomia; não existe uma narrativa que componha um enredo com uma estrutura sequencial de leitura”, analisa a crítica.
Tanto o elemento do branco quanto a questão do trânsito urbano estão presentes no trabalho de Eliane Prolik desde a década de 1990.  Em alguns deles há a recorrência direta `a utilização da palavras como o trabalho “Nada Alem” (2001) em que utiliza trechos de canções da Música popular brasileira recortados na lataria de uma Kombi branca. Ao circular com o veículo pela cidade, durante a performance do trabalho, as luzes da cidade, refletidas nos vazados, geram um movimento de letras coloridas. Este trabalho ganhou destaque, na época, na Revista Bravo!.

Sobre a artista:

Eliane Prolik

Vive e trabalha em Curitiba. Dedica-se as artes plásticas desde os anos 80, tendo participado dos eventos coletivos Moto Contínuo, Pára-Raios, Fio e das mostras Panorama do MAM-SP, Bienal Internacional de São Paulo, Arte Cidade em São Paulo, Mostra da Gravura de Curitiba entre outras. Possui obras em acervos públicos como MAM-RJ, MAM-SP, MAC-PR, MUMA, MUSA e Instituto Itaú Cultural.


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