quarta-feira, 25 de maio de 2011

Eu me desdobro em muitos no CCBB - RJ



 Fotógrafa londrinense participa de exposição com artistas internacionais no Rio de Janeiro

Mostra no CCBB insere Fernanda Magalhães no cenário internacional da fotografia ao lado de nomes como Robert Mapplethorpe, Cindy Sherman e Orlan
A  fotógrafa, artista e professora do curso de Arte Visual da Universidade Estadual de Londrina, Fernanda Magalhães, participa no próximo dia 30 de maio, às 19h, da abertura da exposição Eu me desdobro em muitos – a autorrepresentação na fotografia contemporânea, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. A exposição é o primeiro evento oficial da programação do FOTORIO 2011 - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro. A mostra poderá ser visitada de 31 de maio a 10 de julho, no CCB-RJ (Rua Primeiro de Março, 66, 1° andar - (21)3808-2020). A entrada é franca.
Inédita e exclusiva, a exposição é fruto da parceria entre o FOTORIO 2011 e a MEP - Maison Européenne de la Photographie, de Paris, e resultado de um trabalho de pesquisa dos curadores Joana Mazza e Milton Guran em vários países e em diferentes eventos, ao longo dos últimos dois anos.  Eu me desdobro em muitos – a autorrepresentação na fotografia contemporânea apresenta 69 obras físicas de sete artistas brasileiros e 14 estrangeiros, dentre os mais importantes autores da vanguarda da fotografia no campo da arte contemporânea no mundo.
Para complementar a exposição, o CCBB vai promover o Encontros com o autor que se trata de uma série de visitas guiadas nas quais os artistas e curadores estarão circulando e comentando as obras com o público. As visitas, em que Fernanda Magalhães também estará presente, serão nos dias 1º, 2, 3 e 4 de junho, de 17h às 19h, que contará com a presença dos curadores Milton Guran e Joana Mazza e artistas.

Panorama internacional - Fernanda participará da exposição em meio ao trabalho de artistas como a americana Cindy Sherman, a performer francesa Orlan, o francês Martial Cherrier, a argentina Tatiana Parcero e os americanos Robert Mapplethorpe e Duane Michals. São apenas cinco artistas brasileiros presentes na mostra. Além de Fernanda, também estão no seleto grupo Sofia Borges, Luiza Burlamaqui, Helenbar e Alisson Gothz. Complementam a mostra uma seleção de cinco vídeos curtos e interativos, com curadoria de Jean-Luc Monterosso, Diretor da MEP, e ainda a instalação “Estereoscopia” do carioca André Parente.
A artista londrinense irá expor quatro trabalhos da série “A Representação da Mulher Gorda Nua na Fotografia” que circulou por várias mostras no Brasil, Europa, América Latina e Estados Unidos desde 1997. Entre 2004 e 2008, através do projeto  “Mapas Abiertos – Fotografia Latino Americana 1991-2002” que teve curadoria do espanhol Alejandro Castelotte, a fotógrafa participou de uma coletiva de oito artistas latino-americanos e do Caribe que itinerou por mais de uma dezena de  cidades européias e da América Latina.
O foco da exposição Eu me desdobro em muitos – a autorrepresentação na fotografia contemporânea é o retrato a partir de uma discussão do ponto de vista da arte contemporânea. “Neste sentido”, contam os curadores “a autorrepresentação coloca-se como uma síntese da tradição do autorretrato da pintura com as modalidades de expressão surgidas ao longo do século passado, como a body art e a performance. A fotografia e o vídeo têm sido instrumento fundamental para a apresentação destes corpos-objetos”, afirmam os curadores.

Outros projetos – Fernanda Magalhães também está entre as artistas que integram o projeto Pesquisas Artísticas Presentes, do coletivo de arte carioca Projeto Subsolo,  que foi lançado na Casa França – Brasil, também no Rio de Janeiro, no último sábado, 21 de maio. Trata-se de um site (http://www.pap.art.br) que congrega artistas brasileiros consagrados convidados e outros nomes de indicados por estes artistas.
Cada artista convidado terá uma página com informações biográficas, sobre os trabalhos desenvolvidos, links e imagens. Além da disponibilização de um vídeo editado contendo os debates do evento Pesquisas Artísticas Presentes dos quais  participaram durante um evento realizado em 2008 no Museu da República no Rio de Janeiro. Os jovens artistas, que foram indicados para participar do projeto, produziram um vídeo autoral que será disponibilizado em suas respectivas páginas também.
De acordo com as coordenadoras do projeto Subsolo, a ideia é que o site seja um local virtual que se disponibilize a produção artística brasileira contemporânea. Participam do projeto como convidados, além de Fernanda Magalhães, os artistas: Cadu, Elaine Tedesco, Elisa de Magalhães, Entorno, João Modé, Laranjas, Marilá Dardot, Raquel Stolf e Thiago Rocha Pitta. A indicada por Fernanda Magalhães para o projeto foi a fotógrafa londrinense Karina Rampazzo.

O QUE É O FOTORIO?
O FotoRioEncontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro  tem como objetivo valorizar a fotografia como bem cultural, dando visibilidade aos grandes acervos e coleções públicas e privadas e à produção fotográfica contemporânea brasileira e estrangeira, através de exposições, projeções e intervenções urbanas, cursos, seminários, oficinas, mesas-redondas, palestras e conferências. A intenção é destacar, através de um evento de porte internacional, a importância da fotografia na comunicação e na vida social contemporânea. O evento é bienal, acontecendo nos meses de maio, junho e julho desde 2003. Em 2011 realiza sua quarta edição. Tem curadoria de Milton Guran e Joana Mazza.

No plano internacional, o FotoRio já nasceu integrado ao Festival da Luz, rede criada por fotógrafos, colecionadores e estudiosos da fotografia em todo o mundo. Atualmente, o Festival da Luz conta com dezenas de eventos espalhados pelas principais cidades do mundo, entre as quais Mois de la Photo (Paris - França), Fotofest (Houston - USA), Encuentros Abiertos de Fotografia (Buenos Aires - Argentina), PhotoEspaña (Madrid - Espanha), Fotoseptiembre (México) e Fototage Herten (Colônia – Alemanha).

Sobre os artistas que participam da exposição Eu me desdobro em muitos – a autorrepresentação na fotografia contemporânea”:
Cindy Sherman (EUA)- Apesar de fazer retratos de si própria, não podemos dizer que Sherman faça auto-retratos. Muito pelo contrário, ela cria personagens, brinca com arquétipos, com o cinema. Assim deixou sua marca como uma das mais expressivas artistas do final do século 20.
Gerardo Montiel Klint (México)- Designer, artista e fotógrafo. Constrói provocativas cenas que por um lado remetem a solidão e por outro a performance. Personagem performático de suas imagens. Sua obra constantemente se remete a pintura (o barroco de Vermeer ou Pieter Brueguel, as fotografias de Cindy Sherman e Manuel Álvarez Bravo) e está em inúmeras coleções: Kiyosato Museum of Photographic Arts (Japão), Museum of Fine Arts (Houston), Museo de Arte Contemporáneo de Huesca (Espanha) e Centro de la Imagen (México).
Robert Mapplethorpe- Nasceu em 1946 e faleceu em 1989 em Nova Iorque.
Gilbert & Georg (Itália e Inglaterra)- Dupla que adotou o slogan “arte para todos” passou em pouco tempo a ser reconhecida pelo grande público, produzindo imagens sempre impecáveis sobre os mais variados temas, mas tendo como principal fonte de inspiração a região onde moravam, o London’s East End, que funcionava como um microcosmo.
Martial Cherrier (França)- Campeão francês de fisiculturismo em 1997, seu trabalho artístico é pautado por uma pesquisa auto-irônica sobre a transformação do próprio corpo por meio de anabolizantes, exercícios físicos e alimentação regrada. Com a série Fly or Die, substitui o corpo de uma borboleta pelo seu e as asas do inseto por bulas de anabolizantes, comparando a metamorfose do inseto à do fisiculturista. A crítica pela busca desenfreada de uma beleza apolínea e padronizada, idealizada pela sociedade contemporânea, se materializa em obras que nunca dispensam o humor e a ironia.
ORLAN (França – EUA)- Influenciada pela obra de Duchamp e pelas correntes revolucionárias do Maio de 68, ORLAN trabalha performances blasfêmicas onde o seu corpo encarna e molda diferentes personagens. Por conta de uma gravidez extra-uterina fez com que fosse operada de emergência, filmou e enviou de imediato para o Centro de Arte Contemporânea de Lion para ser exibida, numa performance quase em simultâneo. Agora ORLAN passa a esculpir na sua própria carne, agindo impiedosamente sobre ela através de operações plásticas. Não seriam operações normalizadas feitas à porta fechada, mas sim sob a forma de performance mediática e ensaiada onde se mistura música, literatura, dança, fotografia e vídeo.
Pierre et Gilles (França)- A dupla produz imagens extremamente elaboradas onde cada detalhe é minuciosamente cuidado, desde o figurino, composição, retoques a moldura. Trabalhando com auto-retratos e inúmeros retratos de celebridades, eles abordam temas diversos como cultura popular, cultura gay, pornô, religião.
Tatiana Parcero (México – Argentina)- Sua obra começou com biografia e rituais pessoais do dia a dia, explorando sensações e emoções, que, mesmo sendo íntimos ou individuais, são incluídos em uma esfera mais ampla do feminino e do humano. Mexicana, vive e trabalha em Buenos Aires. Sua obra está presente em diversas coleções como Museum of Fine Arts (Houston, EUA), Museo de Arte Moderno (México), Fundación de Arte Caja Burgos (Espanha) e Museu de Arte Moderna (Buenos Aires).
Alisson Gothz- Artista e performer paulista, Alisson é um exemplo de como obra e artista estão interligados no conceito e na forma. Suas “produções” para sair na noite de São Paulo são registradas em imagens e todas estas transformações são postadas na internet, de forma que quem não viu ao vivo tem a oportunidade de conferir quase on-line. Ele utiliza diversos canais na rede como Fotolog, Flickr, Facebook ou mesmo através do próprio site.
André Parente- Artista multimídia, pesquisador, Doutor em Cinema pela Universidade de Paris VIII, onde estudou sob a orientação do filósofo Gilles Deleuze, professor da Escola de Comunicação da UFRJ onde fundou o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-imagem) e autor de diversos livros. Na sua obra o próprio corpo é objeto, testemunha e agente das ações e performances artísticas. Como meio utiliza o vídeo e a fotografia, muitas vezes interativa, como é o caso do “Estereoscopia”, apresentado nesta seleção.
Fernanda Magalhães- Artista, fotógrafa, performer, Doutora em Artes pela UNICAMP, professora da Universidade Estadual de Londrina e chefe da Divisão de Artes Plásticas da Casa de Cultura UEL. Trabalha há mais de 20 anos sobre a questão do corpo, tendo como fio condutor o questionamento sobre a discriminalização dos obesos através de uma série de auto-retratos construídos com montagens, recortes e lembranças.
Helenbar- Artista, designer e professora da Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ, a carioca Helena Barros, e seu alter-ego virtual Helenbar, elabora sofisticadas imagens utilizando recursos contemporâneos como câmera digital e photoshop, entretanto com visível referência à pintura, tendo como inspirações desde o movimento Pré-Raphaelita, o Barroco as pinups do ilustrador Vargas. Seus auto-retratos ganharam o mundo através da internet e hoje seu site pessoal é o maior instrumento de exposição.
Luiza Burlamaqui- A jovem artista carioca é formada pela UERJ, tendo estudado no London Institute of Art e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Suas obras abordam a poética do feminino, sendo a própria autora objeto desta poética em diversos ensaios.
Rodrigo Braga- Nascido em Manaus, é graduado em Artes Plásticas pela UFPE, em 2002. Em 2004 foi contemplado com bolsa de pesquisa no 45º Salão de Artes de Pernambuco, realizando a série “Fantasia de Compensação”, que apresentamos nesta mostra. Entre 2005 e 2007 foi gerente de artes visuais da Prefeitura de Recife, onde coordenou o “SPA das Artes”. A trajetória de Rodrigo Braga se confunde com as discussões mais acaloradas em torno das mutações biogenéticas possibilitadas pela revolução tecnológica, criando um cyborg dotado de pulsões caninas a partir do seu próprio corpo.
 Sofia Borges- Artista visual no campo da fotografia, Bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Sua pesquisa fotográfica já rendeu diversos prêmios e vem sendo mostrada em inúmeras exposições coletivas e individuais. Foi selecionada pelo programa Rumos Itaú Cultural, recebeu destaque pela Bolsa Iberê Camargo e ganhou o Prêmio Porto Seguro de Fotografia. Em 2010, foi indicada ao “Paul Huf Award”, em Amsterdam. Atualmente vive e trabalha entre São Paulo e Ibiúna e é representada comercialmente pela
galeria Virgílio, em São Paulo.
Bjorn Sterri- Nasceu em1960. Vive e trabalha em Oslo.
Duane Michals- Nasceu em 1932 na Pensilvânia. Vive e trabalha em Nova Iorque.
Philippe Perrin- Naceu em 1964 em La Tronche (França). Vive e trabalha em Nice.
Pierre Molinier- Nasceu em 1900 em Agen (França) e faleceu em 1976 em Bordeaux.

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