Matéria publicada no dia 10 de abril de 2015 no Jornal de Londrina:
Com obras que marcaram gerações, coleção Vaga-Lume será relançada
Escritores londrinenses relembram os livros
e comentam sobre a atualidade das obras
Fábio LuporiniEscritores londrinenses relembram clássico da coleção Vaga-Lume
É difícil encontrar quem, nos últimos 40 anos, não leu ao menos um livro da coleção Vaga-Lume, da Editora Ática, provavelmente a pedido de algum professor, para alguma prova ou avaliação. São títulos dos mais variados assuntos e de diferentes autores brasileiros – entre eles o escritor londrinense Domingos Pellegrini, colunista do JL, autor de A árvore que dava dinheiro. Pois a coleção será relançada em agosto com dez títulos – e novas capas – para celebrar os 50 anos da editora. Ao todo, a Vaga-Lume publicou mais de 70 livros a partir de 1972.
“A Ática tinha lançado também nos anos 1970 a coleção Para gostar de ler, outra que tinha que ser relançada também. Foi ali meu primeiro contato com Cecília Meireles, Drummond, Rubem Braga, Vinícius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, entre outros”, conta o escritor Paulo Briguet, também colunista do JL. Quando se deparou com a notícia do relançamento, Briguet teve uma primeira reação. “Que ótimo! Porque esse tipo de relançamento tem um sentimento muito forte. As pessoas tendem a gostar de reler algo que as leva à infância.”
Entretanto, somente relendo é que se pode avaliar a atualidade de uma coleção como essa. “Preciso reler para saber se eles têm valor literário hoje.” Briguet, que tem um filho de 5 anos, só compraria ao pequeno Pedro Henrique se, antes, ele próprio relesse os romances. “Eu gostava muito dos escritos por Marco Rei, Maria José Dupré, Orígenes Lessa e Lucia Machado de Almeida. Tinha A árvore que dava dinheiro, de Domingos Pellegrini, que explica o que é a inflação e que eu gostaria muito de ver reeditado.” Para o escritor, uma das contribuições da coleção foi incentivar aos adolescentes o hábito de ler textos um pouco mais longos. “A coleção habitua o jovem leitor à forma do romance, a narrativas mais longas. São histórias mais complexas.”
A escritora Karen Debértolis também leu muitos livros da coleção Vaga-Lume. “Eu cresci lendo a coleção. Foi uma das minhas leituras e tenho boas lembranças”, ressalta Karen. Os títulos de Marcos Rei também são alguns dos preferidos dela. “Ele escrevia mais suspense. Li praticamente todos. Eram livros com argumentos muito interessantes, que prendiam a atenção do adolescente. Podemos comparar hoje com Harry Potter ou outro infanto-juvenil.” Karen sugere que também seria interessante inventar novos títulos. “Atualizando temas e linguagem”, justifica.
Além do saudosismo e da nostalgia, a reedição dos livros pode contribuir para o uso do material na grade escolar. O que, na realidade, já ocorre. Luiz Antonio de Oliveira Basques é um dos proprietários do Sebo Capricho, no centro de Londrina, que comercializa muitos títulos da coleção Vaga-Lume. “Até hoje é muito procurado por muitos professores que adotam no ano letivo. Fora os adotados na escola, é mais nostalgia de pai querendo mostrar para o filho”, explica Basques. A Ilha Perdida, de Maria José Dupré é o título mais procurado da Vaga-Lume no Sebo Capricho. Os preços variam entre R$ 8 e R$ 15, de acordo com diversos fatores: estado de conservação, títulos mais ou menos procurado e até se é um livro reeditado.
Confira os livros que serão relançados:
-A aldeia sagrada, de Francisco Marins
-Os barcos de papel, de José Maviel Monteiro
-Tonico, de José Rezende Filho
-O feijão e o sonho, de Orígenes Lessa
-Spharion, de Lúcia Machado de Almeida
-A Ilha Perdida, de Maria José Dupré
-O Escaravelho do Diabo, de Lucia Machado de Almeida
-A turma da Rua Quinze, de Marçal Aquino
-Deu a louca no tempo, de Marcelo Duarte
-Açúcar Amargo, de Luiz Puntel
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